CÂNCER DO ENDOMÉTRIO
Os cânceres do corpo do útero, dos quais o principal representante é o endométrio (camada que recobre internamente a cavidade uterina), correspondem à 8ª causa de câncer mais comum no Brasil, conforme dados do INCA, atualizados para 2020. Na Região Sul, é a 11ª causa de câncer, com uma taxa de 6,53 mulheres acometidas a cada 100 mil mulheres.1
Mais importante do que para o câncer de ovário, o ganho excessivo de peso corporal em combinação com hipertensão arterial e diabetes mellitus (a chamada síndrome metabólica) é o principal fator de risco para esta neoplasia. A American Cancer Society, em estimativas de 2019, afirma que 70% dos casos de câncer do corpo uterino são associados à obesidade e à falta de atividade física.2
Outros fatores, são: predisposição genética (síndrome de Lynch), hiperplasia endometrial, ciclos menstruais anovulatórios (em que não ocorre ovulação), aplicações prévias de radioterapia pélvica (para tratar outras neoplasias, como colo uterino, ovário e reto), terapia de reposição hormonal após a menopausa, menarca precoce e menopausa tardia (que indicam maior tempo de exposição corporal ao hormônio estrogênio), bem como ausência de gestações.
Os tipos principais de tumores malignos do endométrio são os sarcomas (que se iniciam no músculo uterino, o miométrio, ou em seus tecidos de sustentação) e os carcinomas (que se originam do tecido epitelial do revestimento ou das glândulas a ele associadas). Os carcinomas podem ter diversos subtipos histológicos, dependendo das células onde têm início (adenocarcinoma, carcinossarcoma, carcinoma espinocelular, entre outros menos comuns).
O tratamento do câncer de endométrio, assim como para a maioria dos tumores, é multimodal, em que existem diferentes alternativas, que precisam ser discutidas caso a caso em um grupo de especialistas, as reuniões de Tumor Board. Pois a melhor escolha precisa ser individualizada e vai depender do tipo histológico (existem diferentes padrões de agressividade que precisam ser levados em conta), do estágio em que se encontra a doença, quadro clínico da paciente (apresentando sangramento vaginal, por exemplo) e interesses pessoais, como de preservar a fertilidade.3
Assim, as opções de tratamento incluem cirurgia, quimioterapia, radioterapia pélvica e em cadeias de drenagem linfática e hormonioterapia. A cirurgia, em que se realiza a retirada do útero (histerectomia), pode ser feita por laparoscopia, com os mesmos resultados de eficácia que a cirurgia por convencional, por laparotomia. Como benefícios, oferece à paciente menor morbidade e melhor recuperação pós-opeartória, mantendo os princípios de segurança e radicalidade oncológica necessários.4
Referências:
1 - Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, Rio de Janeiro: INCA, 2019.
2 - American Cancer Society. Cancer facts & figures 2019. Atlanta: American Cancer Society, 2019a.
3 - https://www.cancer.org/cancer/endometrial-cancer/treating/surgery.html (acesso em 21 de junho de 2020)
4 - Noori Ardabili S, Arab M, Ganji P. Laparoscopic Surgery in Endometrial Cancer, Recommended Approach: A Review. Journal of Obstetrics, Gynecology and Cancer Research. 2018; 3(1):39-44.
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