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Câncer do Esôfago

  De acordo com as estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a incidência esperada para esta neoplasia, a cada ano do triênio 2020-2022 no Brasil, é de cerca de 8.690 casos novos para homens e 2.700 para mulheres. Na Região Sul, ocupa o 5º lugar geral entre os tipos de câncer mais comuns, ao passo que em Curitiba serão diagnosticados, neste período, 720 casos ao ano em homens (5º tumor mais frequente) e 180 em mulheres (15º lugar). Em termos de mortalidade, a situação é ainda muito mais grave; em 2017 ocorreram 6.647 óbitos em homens e 1.907 em mulheres, pelo câncer de esôfago em nosso país.1

 

  Existem basicamente dois tipos diferentes de câncer no esôfago, o mais comum é o Carcinoma Epidermóide (também chamado de Escamoceluar ou Espinocelular). O fator de risco mais comum para esta neoplasia é o consumo elevado de bebidas alcoólicas em associação ao tabaco. Além disso, o hábito de ingerir bebidas extremamente quentes, como o chimarrão, também é implicado como fator causador, especialmente no Sul do Brasil. O segundo tipo é o Adenocarcinoma, que costuma acometer porções mais distais do esôfago, próximo ao estômago. O perfil epidemiológico, neste caso, muda para os pacientes portadores da doença do refluxo gastro-esofágico crônico e em estágios avançados.

 

  A lesão precursora chama-se ¨Esôfago de Barret¨, que é identificada em exames de endoscopia digestiva alta, completada por biópsias. Microscopicamente, caracteriza-se pelo fenômeno de metaplasia intestinal, em que ocorre a substituição do tecido epitelial esofágico original (estratificado) pelo epitélio colunar, apresentando células caliciformes.

 

  A ocorrência de displasia, identificada pelo patologista, é sinal preditivo de progressão para adenocarcinoma.2 O diagnóstico é suspeitado quando o paciente começa a ter dificuldade para deglutir os alimentos, devido a uma obstrução em sua passagem pelo esôfago. Isso leva à perda rápida de peso, que é o principal sinal de alerta para a neoplasia. Dor à deglutição também pode acontecer. Quando estes sintomas são percebidos, o paciente não deve demorar a buscar atendimento, sob pena de progressão tumoral e perda da chance do tratamento curativo. As modalidades terapêuticas incluem quimioterapia, radioterapia e cirurgia, sendo a última a que tem maiores chances de cura. Atualmente, o protocolo mais adequado para tratamento chama-se CROSS (Chemoradiotherapy for Oesophageal Cancer Followed by Surgery Study), em que o paciente recebe quimioterapia e radioterapia inicialmente e depois é submetido a cirurgia, após 4 a 6 semanas de recuperação.3

 

   A cirurgia, por sua vez, pode ser realizada por via minimamente invasiva, com toracoscopia (para dissecar o esôfago no tórax) seguido de laparoscopia (para dissecar a parte abdominal do órgão e preparar o estômago para a reconstrução alimentar). Essa reconstrução pode ser realizada dentro do próprio tórax, bem como no lado esquerdo do pescoço, dependendo da localização o do tumor inicial.

 

Referências:

 

1 - Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, Rio de Janeiro: INCA, 2019.

2 - Rodrigues MAM. Esôfago de Barrett e displasia: critérios diagnósticos. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial. 2004; 40(3):185-191.

3 - van Hagen P, Hulshof MC, van Lanschot JJ. et al. Preoperative chemoradiotherapy for esophageal or junctional cancer. N Engl J Med. 2012; 366: 2074-2084.

 

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